terça-feira, 28 de abril de 2009

A assessoria e a política



Lisiana dos Santos é jornalista, 35 anos, formada na Famecos, PUC/RS, em 1996. Com especialização em Jornalismo e Teoria da Comunicação de Massa também pela Famecos. Desde 2003, trabalha na assessoria de imprensa do deputado Heitor Schuch (PSB), na Assembléia Legislativa. Com passagens pelos jornais Correio do Povo e Zero Hora, sempre na editoria de Economia/Rural, além de assessoria de imprensa da Fetag/RS, a jornalista conta o dia-a-dia de um assessor no meio da política.

Há quanto tempo trabalha especificamente na área política? Teve alguma outra experiência?
Lisiana - Na Assembléia Legislativa, como assessora de imprensa de um parlamentar trabalho há seis anos, desde 2003. Antes disso já havia tido experiência na área política como estagiária, por um ano, em 1995, e já formada nos dois anos seguintes, também na Assembléia, porém com um outro parlamentar. Fora isso, trabalhei por três anos no Correio do Povo e por outros três na Zero Hora, ambos na editoria de agronegócio. No meio disso também prestei assessoria de imprensa para a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS).

Qual a rotina do assessor de imprensa de um político?
Lisiana - A rotina depende muito da agenda do assessorado, mas, basicamente, é preciso estar muito bem informado, por isso a leitura obrigatória de todos os jornais e revistas mais importantes do país, assim como o acompanhamento das notícias dos veículos das regiões de interesse do deputado. Fazer taxação do material, preparar releases, acompanhar audiências, fotografar, produzir os informativos e boletins, agendar entrevistas de rádios, são algumas atividades de um assessor de imprensa político.

Qual a relação com o cliente, no teu caso, com o deputado estadual?
Lisiana - A relação é um pouco diferente, imagino, do que seria com um “cliente normal”, em função de que, por ser uma estrutura mais enxuta em um gabinete, a relação acaba sendo mais pessoal. O contato com o assessorado é direto e diário. Por um lado, isso é bom, porque, quanto mais se conhece o “cliente”, mais fácil fica o trabalho de assessoria. Por outro, é preciso saber impor limites e delimitar o espaço de trabalho, além da questão pessoal.

Qual a relação com a imprensa?
Lisiana - A relação com a imprensa tende a ser tranqüila, mas isso depende muito do perfil do político e também do assessor, que precisam manter uma relação boa para o trabalho fluir. É preciso, antes de tudo, ter muito claro quando o que se quer divulgar é realmente notícia e poderá interessar a imprensa. Não adianta ficar tentando “empurrar” qualquer coisa e depois ficar pressionando para que saia nos jornais e rádios. Antes de tudo, discernimento é fundamental.

Quais as diferenças nas matérias que tu escreve em relação à de assessores de outras áreas?
Lisiana - A diferença básica acho que está no fato de que um release político permite muito mais um caráter opinativo, diferentemente de outras áreas.

Na tua opinião assessoria de imprensa está mais próxima do Jornalismo ou do Marketing?
Lisiana - Do jornalismo, sem dúvida. Porque trabalhamos antes de tudo com notícias, com fatos, mesmo podendo, na sua divulgação usar um pouco mais do recurso de “opinião” do que em outras áreas.

O universo político acolhe bem o assessor?
Lisiana - Creio que na maioria dos casos sim. O que ocorre às vezes é muitos políticos pensam que tudo o que ele faz é “notícia” e deve sair na mídia. O bom assessorado é aquele que entende e respeita o assessor de imprensa, o trabalho, e suas ponderações.

Quais as maiores vantagens e desvantagens de assessorar politicos?
Lisiana - A questão salarial, sem dúvida, está entre as vantagens da assessoria política. Via de regra, paga-se mais do que em redações. A questão de horário, pelo menos no meu caso também é uma vantagem. Em jornais, rádio, TV não existem feriados e finais de semana, enquanto que na assessoria política a rotina, normalmente, é mais tranqüila. A desvantagem está na questão de identificação. Se o assessor não comunga da ideologia/perfil político de seu assessorado, com certeza, o trabalho torna-se mais difícil. Mas, o mais importante é gostar do que se faz. Nisso reside a maior vantagem.

Nos dias atuais você considera a assessoria de imprensa indispensável na vida de um politico?
Lisiana - Completamente indispensável. O político que não “aparece” na mídia não existe.

E a questão da ética? Na assessoria ela é diferenciada?
Lisiana - Acho que não existe ética diferenciada. Ética se tem ou não! Não é uma questão relativa. Na assessoria ela deve ser observada tanto quanto em qualquer outra atividade jornalística. Pelo menos para os bons profissionais, que respeitam a profissão e a sua própria moral.

Na tua opinião, o meio político é muito conservador, ou aceita inovações de parte do assessor?
Lisiana - Mais uma vez, depende muito do assessorado, do seu perfil, da sua idade, entre outras coisas. Mas, de um modo geral, acho que há espaço para inovações sim.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Meu único amor




Tafa Medeiros

Um amor inexplicável, capaz de mexer com os sentimentos mais obscuros de uma pessoa. Não um amor carnal, mas puramente sentimental. Assim me sinto a cada título, a cada gol, a cada defesa, como a do inesquecível Clemer de mão trocada nos últimos minutos do jogo histórico de 2006, quando Ronaldinho Gaúcho, Deco, Puyol e companhia amargaram a derrota para uma zebra, que listava o mundo de vermelho e branco. Ou, voltando um pouco no tempo, quando rasgamos a camiseta do então temível São Paulo de Rogério Ceni. Empilhamos taças às vésperas do centenário, para que não faltasse nada no dia 4 de abril de 2009.


Nessa época que se aproxima, qualquer lembrança faz qualquer colorado de coração encher os olhos de lágrimas. 100 anos do mortal que sempre resistiu e evitou a segunda divisão, como na vez em que o capitão Dunga raspou a bola e fez o gol contra o Palmeiras que nos livrou rebaixamento. Do mortal que conquistou todos os títulos possíveis, inclusive a sul-americana em um jogo dramático (o mais apreensivo que já assiti no Gigante). Do mortal que arrecada contribuições de nada menos que 80 mil pessoas que acreditam no projeto vencedor do clube de futebol mais estruturado do Brasil... Enfim, o mortal que pensa na torcida e, principalmente, nos títulos.


Quantas vezes falamos mal? Saímos tristes do nosso estádio? Fomos até o Portão 8 protestar? Mas agora pensa... Quantas vezes saímos alegres do estádio que guarda inúmeras taças? Quantas vezes gritamos um nome com tanto orgulho, lembrando o Capitão Planeta (Uh! Fernandão, Uh! Fernandão). Quantas vezes vencemos?

Pensou? Então concluiu que somos sim um clube vencedor, aguerrido, que não desiste, e que é apaixonado pelo povo vermelho.


Parabéns a direção que, ao contrário dos clubes brasileiros que comemoraram o centenário em um ano vergonhoso, vem fazendo um lindo trabalho junto com a torcida, com eventos, festa e títulos. A Taça Fernando Carvalho foi o início e, pelo que se encaminha, Fábio Koff terá que se instalar no Beira-Rio. O favorito para a Copa do Brasil? Sim. O favorito para o Campeonato Brasileiro? Sim. Para a Sul-Americana? Sim. Pois é assim que se faz um time grande, somos favoritos sempre.


Deixo aqui meu abraço ao povo gaúcho, inclusive aos gremistas, que em um momento desse devem saber reconhecer o que o co-irmão já fez pelo Estado. E mais que especial, minha lembrança aos colorados que me emocionam a cada Beira-Rio lotado. Aproveitem o nosso dia e pintem, mais uma vez, o mundo de vermelho.


Obrigado Inter!